21 julho 2014

The Red Shoes

Pouco tempo para muita coisa. Sem tempo até para atualizar o blog contando as outras coisas de Vancouver. Mas quando alguma coisa realmente tira meu fôlego, preciso registrar aqui. Conheci uma outra pessoa como eu que é apaixonada por cinema. Ele não viu algumas coisas que amo, mas já viu coisas suficientes que me fizeram acreditar que temos gostos parecidos (afinal, ambos temos bom gosto rss). Pois esta alma caridosa resolveu me emprestar alguns blublus. A maioria títulos que eu nunca tinha ouvido falar. Após confessada a minha ignorância, posso abrir o coração. Não tenho mais a coluna de cinema do Bem Resolvida, e por isso posso falar dos filmes que eu quiser simplesmente demonstrando a minha paixão por eles, sem precisar analisar a coisa de forma mais técnica. 


O filme chama-se "The Red Shoes". Lançado em 1948. É um filme inglês, mas não se tem dificuldade em compreender o inglês utilizado (não joguem pedras em mim, mas o inglês deles eu achei por demais americano!) Foi filma em technicolor e foi remasterizado (é assim que se diz, Sr. Raphael  Cachinhos?) em 2009 por ninguém menos que Scorsese (ok, pela empresa dele junto com a UCLA). Essa remasterização ou restauração é uma coisa perfeita! Nos extras do blublu tem o próprio Scorsese falando o quão complicado foi esse trabalho e mostrando inclusive as cenas antes e depois do trabalho feito por eles. Eu que já estava apaixonada por tudo que havia visto, fiquei mais ainda sem fôlego de ver aquela comparação incrível. A criatura já nos deu "Taxi Driver", "Cabo do Medo"e etc e etc e etc e nos presenteia também com essa restauração! IMPECÁVEL! Nosso senso de perfeição se modifica quando vemos a comparação mostrada pelo ele nos extras. 

O filme tem cerca de duas horas mas que se passam tão rapidamente que você se assusta. A última vez que tive essa sensação (de que o que eu estava assistindo tinha acabado de começar quando na realidade já haviam se passado um bom tempo) foi quando assisti Fernanda em seu monólogo, mas já falei sobre isso por aqui. Ok, ok, ok. Você vai dizer que eu sou suspeita porque eu gosto (e muito!) de balé. Tem realmente uma grande sequência de 15 minutos só de balé, mas está tão bem inserida no filme que não tinha condição de ser mais curta. E, como eu disse, você nem sente passar. 
 
A história do filme se confunde com a história do próprio balé que a protagonista estrela, e que dá nome ao filme. A vida imitando a arte, com é, na verdade, a vida. Não acredito que a arte imita a vida. A vida é que está sempre querendo ser mais bonita e imitar a arte. 



Nesse momento, estou feliz em não estar escrevendo para o Bem Resolvida, porque de bem resolvida, a protagonista não tem nada. Na verdade, é daquelas mulheres que só servem mesmo para lavar louça. E ainda deve quebrar os pratos... A personagem se chama Victoria Page, e pare de ler se não quiser saber dos spoliers... Não consigo deixar de colocar aqui vários deles, mas tou avisando... Pois bem, como eu dizia, alguém que tira a própria vida da forma que ela o faz, não sabe nada. Aliás, a personagem foi feita para a gente desprezar mesmo. A mulher tem a faca, o queijo, e ainda o pão, mas joga tudo fora... E a vontade de matar, de quebrar o pescoço da desmilinguida? Vamos brincar de ser burra mas não vale exagerar né? Ela errou quando largou a companhia... Consigo até perdoar, porque somos humanos e temos esse direito, mas persistir no erro daí já é burrice, tapamento, e o que mais você quiser dizer! Ah! Ela consegue ser mais burra ainda quando resolve se matar! Geeeeeente! Eu já ia fazer isso! Que bom que ela se mata, porque nos dá aquele final PERFEITO, onde o Boris (o dono da companhia de balé) resolve fazer o balé sem ela. A cena é primorosa. Perfeita. Irretocável... Mas, pensando bem, se ela não fosse assim tão retardada e burra, o filme não seria assim tão perfeito. Então tá perdoada!

E a vontade looooouca de mandar essa tapada assistir "A Star was Born" (com a Judy) para aprender as coisas... AAAAAAH! Vamos continuar que é melhor!


Em contra partida, temos o personagem do Boris Lermontov. Ele é o diretor/dono da Companhia de balé. Me lembrou vários diretores que eu conheço. E eu mais uma vez reverencio os mesmos. As vezes eu ouço um bocado de coisas de alguns amigos atores que dizem que não sabem como eu consigo "aturar" alguns diretores. Outros sempre me chamam para "negociar" com as diretores quando eles estão "surtados". Alguns diretores, por sua vez, me procuram as vezes simplesmente porque eu "resolvo". Não é que eu seja subserviente a eles. É que eu acho que compreendo as suas genialidades. Reverencio e tento entrar naquele mundo tão particular deles. Eles são gênios (pelo menos os que eu conheço), e, desta forma, eternos incompreendidos. Boris é um deles. É, para mim, o melhor personagem do filme. A forma com que ele convence a Victoria (protagonista) a retornar ao balé é foooooooda demais! Desculpem mas essa é a palavra! Aliás, o personagem é todo foda! Ainda bem que existem vários Boris na vida real. E que sempre exista pelo menos um perto de mim!!!

Desde a primeira cena onde ele quase não aparece, ficando escondido atrás de uma cortina no balcão do teatro, ele já mostra que é absoluto! A presença dele é tão marcante que chega a doer. Ele é inteligente, determinado, talentoso e sabe usar toda a sua inteligência focada naquilo que interessa. Ele não é um ser sem sentimentos. Ele é inteligente o suficiente para suprimir os sentimentos na hora que precisa e extravasá-los também no momento em que deve. E isso tudo é extremamente bem desenhado pelo diretor. Você não nota que essas coisas foram cuidadosamente montadas durante todo o filme. Só quando você desliga o blublu e começa a repassar as cenas mentalmente, vai notando o quanto o personagem é rico. Bem construido pelo ator que o interpreta (Anton Walbrook), o personagem é simplesmente alguém que não se pode deixar de admirar e, consequentemente, se apaixonar. Na verdade, me faltam adjetivos para ele. Eu gostaria de escrever mais e mais sobre ele... E ele nem precisava ser bonito, mas é.

O filme possue apenas dois "poréns". Naquela sequência de 15 minutos onde vemos o balé The Red Shoes, fiquei um pouco decepcionada pela quantidade de efeitos utilizados. Eu ficaria mais feliz se, por exemplo, ela realmente colocasse as sapatilhas vermelhas no lugar de um efeito colocar... Como eu disse, muitos efeitos. Acho que se fosse mais "palco" e menos efeitos, ficaria muito mais bonita toda a sequência. 

Outro "porém" é a personagem de Irina Boronskaja. Ou melhor, a atuação da atriz que a interpreta (Ludmilla Tchérina). Realmente não sei dizer se aquilo tudo foi marcação do diretor (eu aqui rezando que sim!) ou se ela é ruim mesmo! TODAS as cenas dela são muito exageradas. Ela parece sempre que está em um teatro e não fazendo um filme. Fui pesquisar e vi que ela além de bailarina, é/foi realmente uma atriz russa com muitos trabalhos, principalmente para a TV russa. Eu prefiro acreditar que o diretor colocou aquele tom teatral nela de propósito para fazer um contraponto qualquer, com qualquer outra coisa que eu, embevecida pelo filme como estava, não consegui enxergar. 

Nunca assisti ao "Cisne Negro". Vou fazê-lo em breve. Mas já sei que nada seja como essas sapatilhas rubras. Minha alma já está naquele palco. E em qualquer outro que esteja Boris.


Por fim, meus agradecimentos a pessoa que me emprestou o blublu. Aprendi muitas coisas com o dono desse BluRay. Posso não ser amiga dele, mas já aprendi a respeitar. Ele é jovem, mas quem disse que idade cronológica tem alguma coisa com idade de alma, inteligência emocional, bom gosto e conhecimento da 7a. arte? Esse menino tem tudo isso. E tem muito mais! E eu vou ficando por perto, porque não sou boba e tenho ainda muuuuuuito o que aprender! Ah! E um obrigada nunca é demais. OBRIGADA (pelo blublu e pela paciência comigo!)

PS - Tava querendo copiar aqui alguns diálogos (impagáveis!) do filme, mas são tantos que prefiro só deixar o link do IMDB com eles. Clique aqui. Já li 500 vezes!

UPDATE - Escrevi esse texto sem nenhuma revisão. Só com o coração mesmo. Cometi alguns erros, apenas alguns perdoáveis. Cometi um que JAMAIS poderá ser perdoado e que só demonstrou que eu nada sei. Peço desculpas a quem já leu e me apontou esse erro. No mais é agradecer porque se vocês apontaram o erro é porque vieram até aqui ler. Que bom que ainda tenho leitores e atentos! Feliz com isso.

UPDATE 2 (a missão) - Lembram de quem me emprestou o blublu? Arrasou nos comentários que fez sobre o filme. Mesmo tendo ideias contrárias as minhas, ele as colocou de forma super lúcida e sem nunca diminuir minha opinião. Gosto desse respeito. O cara é bom. Muito bom mesmo!

12 julho 2014

Voando para Vancouver

Destino: Vancouver (British Columbia, Canadá)
Motivo: Trabalho

 Algumas considerações sobre o Canadá. Eu já disse aqui anteriormente que o Canadá (ou pelo menos Vancouver) é picolé de chuchu (não tem gosto de absolutamente nada), mas para você que é teimoso e quer ir mesmo assim, algumas coisas sobre Vancouver.

Eu moro em Salvador, e não tem vôo direto para Vancouver nem para nenhuma outra parte do Canadá. Se você tiver um visto dos Estados Unidos, pode tentar uma passagem aérea via EUA. Mesmo que seja só uma escala, você precisará ter um visto válido para os EUA. Se você não tiver, o jeito é ir para São Paulo e pegar um vôo da Air Canada para Toronto. Interessante que o avião que faz o trecho Guarulhos / Toronto é um Boing 767-300; já o trecho Toronto / Vancouver é feito por um Boing 777-300 ou Airbus A320. Estes dois últimos são infinitamente mais confortáveis do que o primeiro, que é o que faz o maior trecho. Não, não me perguntem o motivo, mas você passa cerca de 10 horas naquela latinha de sardinhas... Todo apertadinho (a menos que vá de executiva... mas isso é uma outra conversa. Fica para a minha próxima encarnação...) Pelo menos o entretenimento a bordo é bem legal. Os filmes são bem atuais e possui também clássicos que você vai adorar assistir de novo. Desta vez, entre outros, assisti "Meia Noite em Paris" para fazer o vôo passar mais rápido, achando que eu estava indo para Paris.

O catering da Air Canada não é dos melhores. Eu diria que é apenas aceitável. Acho melhor levar algo a mais para ir beliscando. Tive um monstrinho/aluno que pediu e conseguiu ser servido três vezes no jantar e no café da manhã. Não acho que mereça bis, nem mesmo que você esteja com fome. Tive uma queda de pressão que acredito que tenha sido por demorar muito entre uma alimentação e outra. Fica o aviso: leve algo para comer. 

Nos vôos domésticos da Air Canada o catering é pago. E só aceitam cartão de crédito. Com o IOF aqui no Brasil lá no céu (6,38%), não acho legal você estar pagando lanchinho com cartão de crédito, não é? Guenta mais um pouco e deixa pra comer no próximo aeroporto, ou capricha no lanche que você vai levar. Além disto, esses vôos domésticos possuem também filmes a bordo, mas vale lembrar que neste caso você deve utilizar o seu fone de ouvido, ou comprar a bordo. Também só é vendido por cartão de crédito.

A folhinha do Canadá. Nunca soube o nome...

No próximo post falo do que tem para ver e fazer em Vancouver.

Transporte em Vancouver

Local: Vancouver (British Columbia, Canadá)
Motivo: Trabalho

Acabei de chegar de Vancouver. Aos poucos, a medida que o meu tempo permita, vou escrevendo um pouco sobre a cidade. Vou começar por um ponto mega positivo de lá: o transporte público. Aliás, o trânsito lá é meio louco... Os cruzamentos são estranhos, mas como não há nenhuma necessidade de alugar um carro, não vamos nos preocupar com isso.

Bom, o transporte lá se divide em Skytrain (metrô), ônibus e Sea Bus (um catamarazinho para atravessar a baia). O Skytrain possui apenas três linhas interligadas entre si. Mas existem em várias estações baias de ônibus, ou seja, você está sempre bem servido. Vancouver é dividida em várias outras "cidades" ou bairros. Cada um deles forma uma zona específica de transporte público. Dentro de uma mesma zona você circula (obviamente!) com um bilhete de zona 1. Se for de uma zona para outra, então precisa de um bilhete de zona 2. Se for passar por 3 zonas, um bilhete de zona 3 e assim sucessivamente. 

Minha galera no Skytrain

O centro da cidade (downtown) fica dentro da zona de "Vancouver". Se você ficar em Burnaby, Richmont ou North Vancouver (outras "cidades") deverá usar o bilhete de duas zonas para ir para o Centro da Cidade. 

Você deve comprar ou validar o seu bilhete no primeiro transporte que for pegar. A partir deste momento, ficará registrado o tempo de validade daquele seu bilhete (uma hora e meia). Você pode pegar quantos transportes públicos quiser com esse mesmo bilhete dentro deste prazo.

Tudo é  muito organizado e limpo. E os horários são cumpridos. Não tão rigorosamente como na Inglaterra, mas nada que mereça sem mencionado.

Nos ônibus  você deve pegar uma tabela de horários que lhe informará até que horas o seu ônibus circulará. O Skytrain funciona até 1 da manhã, mas sempre verifique.

Se o seu primeiro transporte vai ser um ônibus, tenha moedas pois os ônibus não aceita cédulas. Se for o Skytrain, todas as estações possuem máquinas que você pode comprar o seu bilhete com cédulas. Se você utilizou um bilhete de apenas uma zona e quer ir para outra zona, essas mesmas máquinas lhe dão a opção de acrescentar tarifa (add fare). Você coloca o seu bilhete de uma zona e paga a diferença nesta máquina, que lhe dará um bilhete de duas zonas. Essas máquinas também aceitam cartões de débito e crédito.

Luana pensando na vida no Seabus

Existe um linha de Skytrain que sai do aeroporto e vai até a estação Waterfront, onde você pode pegar uma outra linha para qualquer outro lugar, ou mesmo um ônibus. Tudo muito simples, embora as placas não sejam tão claras de inicio (elas colocam "eastbound" e "westbound" para saber que direção você vai tomar). Se você estiver chegando em Vancouver pela primeira vez, não vai saber para que lado é "east" ou "west". Mas gaste um tempinho vendo os mapas espalhados pelas estações que você rapidamente se orientará.

Outra coisa importante: guarde o seu bilhete devidamente validado durante todo o seu tempo de transporte até o seu ponto final. Você poderá se solicitado a mostrá-lo por agente da companhia de transporte ou até mesmo por policiais. Se não estiver com ele, se prepare para a multa, ou coisa pior....

Quanto a valores, é melhor dar uma olhada no site da translink porque isso pode mudar (desta vez - julho 2014 - o bilhete de uma zona estava por U$2,75 e o de duas zonas U$4). Existem possibilidades de se comprar o passe mensal, que sai muito mais em conta, ou bloquinhos com 10 passes, que sai um pouco mais barato do que ficar comprando por unidade.

Ah! Mais uma. Você pode também optar em comprar uma passagem em um ônibus chamado '"Hop in, hop off". É aquele famoso ônibus que quase todas as cidades turísticas possuem, onde você paga uma passagem única e circula a cidade, podendo descer e subir do ônibus quantas vezes quiser. Esse ônibus você pega bem próximo a estação Waterfront, e um lugar chamado "Canada Place". Lá existem várias opções turísticas diferenciadas que você pode fazer (tipo passear em um hidroplano...) Tudo vai depender de sua disposição e do seu bolso.

Bom, em breve conto mais coisas de Vancouver... Aguarde...