08 fevereiro 2017

Ler


Porque ler tem que ser com prazer. Tem que ser com tesão. A um tempo atrás li "O Historiador" de Elizabeth Kostova e desde então sonho em ir conhecer a Romênia. Ela descrevia cada lugar que passava a história de uma forma tão apaixonante e envolvente que tudo o que eu pensava era pegar um avião para ver de perto aqueles lugares que eu já achava mágicos.


Outro dia, dando uma carona até o aeroporto a dois meninos super inteligentes (e divertidos!) um deles me perguntou se eu gostava mais de Raphael Montes (um autor brasileiro) ou Stephen King (O AUTOR!). Sem precisar pensar, respondi de pronto que era Raphael Montes. Só porque o cara é o "rei" (me utilizando o óbvio trocadilho), eu não preciso achar a escrita dele brilhante. E quem sou eu mesmo para dizer isso de um "rei". Ninguém mesmo. Sou só uma pessoa que gosta de ler. Que gosta de se perder no mundo das letrinhas. Mas a leitura, como eu disse no início, precisa me dar prazer!


Não é apenas o "o que vai acontecer" que realmente me interessa. É o "como a gente vai chegar lá". O "caminho" precisa ser tão dourado como a "linha de chegada". As vezes, como é o caso do Stephen King, para mim, a leitura se arrasta. Não é por ser muito descritiva que a leitura perde ritmo. O caso do livro da Elizabeth, por exemplo, ilustra bem isso. Tem páginas e páginas, letrinhas e letrinhas, somente descrevendo o cenário da Romênia. Mas existe algo que faz com que você viaje naquelas palavras. Voltando para a comparação inicial: nos livros de King, geralmente meus olhos pesam e querem se fechar; nos livros de Montes, os meus olhos teimam em não querer fechar, mesmo depois de horas de leitura e mesmo já passando de 1 da manhã.


Ler precisa ter um algo envolvente que eu nem sei explicar o que é. Li alguns livros do Ivan Santana, que escreve sobre aviação (assunto que especificamente nunca me interessei). Comprei um dos livros dele por impulso mesmo (estava tão barato…) e li em duas horas o livro todo. E olha que ele usa termos técnicos para descrever alguns dos problemas enfrentados pela aeronave. Ele "conta a história" de forma tão envolvente que quando termina você percebe que até aprendeu um pouco sobre acidentes aéreos e sobre como funciona algumas coisas nas aeronaves. Isso sem contar que tem toda uma carga emocional pois trata-se de acidentes aéreos verdadeiros, com a morte de muita gente (aquele acidente da GOL que se bateu no ar com Legacy; o da TAM que não desacelerou e acabou no galpão de cargas em Congonhas e um que caiu a 5 minutos de Orly, foram os que mais me marcaram). Claro que chorei muito, com direito a soluços. Isso só me deixou mais curiosa para comprar outros livros do Ivan. Já li e comprei todos os que consegui achar. Acho até que já aprendi um bocado sobre aviões. Só não aconselho a fazer o que eu fiz: comprei um na livraria do aeroporto e li no avião. O problema é que a capa era de uma queda de avião e se chamava "Perda Total". O pessoal me olhava feio no avião.... Não façam isso!



Mas se é para falar de emoção, lembro logo de "Esquecer o Natal". Um livro totalmente atípico de John Grisham. Esse é um autor que eu gosto bastante mas que fugiu completamente do seu estilo policial e escreveu essa comédia. Lembro que da primeira vez que li, o meu riso era solto e alto! A leitura era leve e envolvente. A alma flutuava durante a leitura e o riso dominava o espaço. Juro que várias vezes ri de chorar!


Então ler tem que ter essa magia envolvente. De você esquecer o tempo, o espaço, a realidade. Montes sabe fazer isso com perfeição. O primeiro livro dele - Suicídas - (que não foi o primeiro que eu li) fez comigo e com Kim (um menina linda de 15 poucos anos) a mesma coisa: a vontade loooooouca de gritar ao final do livro. Mas a gente não podia porque terminamos de ler de madrugada. A escrita de Montes tem uma fluidez tão grande que você não nota o quanto já leu. Lembro ainda que quando li um outro livro dele (Dias Perfeitos) tive a mesma sensação de uma outra pessoa amiga (Ionela): a gente não sabia se não parava de ler para saber como terminava, ou se lia devagarzinho para ficar mais tempo envolvida na história. E demos muitas risadas quando comentamos isso uma com a outra, pois a sensação foi igualzinha.




O importante é ler. Se a leitura for agradável e te envolver, melhor ainda. Se for chata (e  não for obrigatória!) deixe o livro e busque outro. Procure algo que te agrade. Se for gibi, que seja. Ler é o prazer de se envolver em outros mundos. É se emocionar. É se deixar levar por lugares e momentos que alguém criou só para te fazer feliz. E tem que ser, como eu disse, um prazer. E quer prazer maior do que saber que um dos melhores autores brasileiros tem 20 e poucos anos e ainda vai escrever muita coisa? Então, Mr. King, pode dar um tempo aí, e leia um pouco de Raphael Montes. Você vai ver o que é esquecer do mundo pois afinal você precisa saber o que vai estar na última página.


AH! Só respondendo a pergunta inicial, no diálogo que tive no carro: 


- Déa, quem é melhor: Stephen King ou Raphael Montes? 
- Oxe! Raphael Montes, é claro.


Mas, a parte do diálogo que não aconteceu, mas que eu adoraria:
- Por que?
- Porque o cara é FOOOOODA!

Pronto! É isso!

Update - Depois que minha alma gêmea leu meu texto, tentou me convencer a dar mais uma chance a Stephen King. Comprei "Carrie". O problema é que comprei também, no mesmo dia, "Vôo Cego" de Ivan Santana. Adivinha o livro que vou terminar daqui a pouco e qual eu não consegui sair ainda do primeiro capítulo...

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